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Entrevista Sapo Lifestyle: «Não vejo o panorama literário português com otimismo»

Olá a todos,

Esta semana foi publicada uma nova entrevista comigo, agora no Sapo Lifestyle. Fiquei muito contente com o resultado. Considero-a uma das melhores que já concedi, com perguntas diferentes e pertinentes. Deixo aqui alguns dos destaques. A entrevista completa pode ser lida no Sapo Lifestyle.

Por Luís Batista Gonçalves.

«Começou a escrever em 2003 uma obra que todas as editoras nacionais viriam a recusar mas, ainda assim, nunca baixou os braços. Lançou, no início deste ano, “O cardeal”, o novo livro de uma série que já conta com cinco títulos. Acaba de ganhar (mais) um prémio.»

 

Em criança, por influência da mãe, Nuno Nepomuceno queria ser professor, profissão que chegou a ter durante 16 meses. A paixão pela escrita surgiu na adolescência. Em 2003, com 25 anos, começou a escrever “O espião português”. O manuscrito foi rejeitado por todas as editoras portuguesas mas, em 2012, deu-lhe a vitória na primeira edição do concurso literário promovido pela Note!. A partir daí, nunca mais parou. Este fim de semana, ganhou (mais) uma distinção, a de melhor livro luso nos prémios Geeks d’Ouro.

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Acaba de lançar um novo livro. Foi já escrito durante a pandemia? Se sim, este condicionamento que vivemos influenciou de alguma forma o seu processo de escrita? O seu estado de espírito não deveria ser o mesmo do que o dos processos de criação anteriores, presumo…

Sim, O Cardeal foi quase todo trabalhado depois de a pandemia chegar à Europa, com exceção da pesquisa local, em Cambridge, onde a maior parte da ação decorre. Realizei-a ainda durante o outono de 2019, quando estive em Inglaterra a fazer uma sessão fotográfica de promoção ao livro que na, série Afonso Catalão, o antecede, A Morte do Papa.

Sou naturalmente recatado e gosto de estar em casa. Logo, o facto de ter de ficar confinado acabou por não ser um problema, embora admita que este é, possivelmente, o meu thriller que apresenta uma narrativa mais intimista, o que poderá ter sido influenciado por isso. Costumo dizer que O Cardeal é para ser lido durante o inverno, enroscado numa manta e com uma caneca de chocolate quente na mão.

 

Está quase a fazer 10 anos que venceu o prémio que lhe deu visibilidade. Estava confiante que poderia ganhar ou foi uma surpresa?

Antes de concorrer, o livro já passara pelo processo convencional de submissão de manuscritos, tendo sido recusado por todas as editoras portuguesas. No entanto, nunca encarei esse facto como uma derrota. Na altura, as respostas pareceram-me sempre algo artificiais e, quando submeti O Espião Português, sentia alguma esperança, pois acreditava que o livro tinha o que era necessário para se destacar no concurso.

Hoje, essa obra conta com duas edições muito bem-sucedidas, em 2012 e 2015, estando a ser preparada uma nova, pela Cultura Editora. Eu comecei a escrever O Espião Português há 18 anos, em 2003, mas continua a ser uma fonte de motivação e orgulho, uma vez que tem revelado uma longevidade incomum.

A esta distância, como é que analisa a evolução do seu percurso e, já agora, do panorama literário português na última década?

Considero que a minha evolução tem sido positiva, pois comecei do zero. Antes de O Espião Português nunca publicara nada e nem sequer conhecia alguém que trabalhasse numa editora. Olhando para o futuro, creio que disponho de margem para crescer. Acho que existem mais livros dentro de mim para além da série Afonso Catalão ou de outros thrillers.

E no caso do panorama literário português?

Não vejo o panorama literário português com otimismo. No geral, as editoras continuam muito fechadas dentro de si mesmas e a nova geração de autores não só está a demorar tempo a surgir como parece pouco interessada em desenvolver um esforço sério nesse sentido.

Todos em Portugal querem ser o próximo José Saramago, mas lidam mal com as contrariedades, quando a vida da pessoa que tomam como exemplo foi repleta delas. Por vezes, talvez seja melhor aproveitar pequenas brechas. Eu continuo a ser dos poucos escritores de policiais em Portugal e consegui construir uma carreira.

A entrevista completa pode ser lida no Sapo Lifestyle.

 

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