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Retrospetiva de carreira. Entrevista WOOKAcontece.

Entrevista cedida ao WookAcontece, o blogue da livraria Wook. O artigo pode ser lido aqui.

O Espião Português lançou um novo livro: A Noiva Judia

Nuno Nepomuceno é um dos mais bem-sucedidos autores de thrillers a nível nacional, tendo chegado aos tops portugueses com a série Afonso Catalão. Apesar deste sucesso, ao sexto volume da saga, A Noiva Judia, já em pré-lançamento, o autor decidiu colocar-lhe um ponto final.
Estivemos à conversa com o escritor para tentar perceber porque decidiu pôr fim às aventuras do nosso especialista em política internacional preferido e aproveitámos para falar também sobre os seus primeiros livros, a trilogia Freelancer, centrada na figura de um agente secreto que tem tanto de implacável como de sedutor.

Numa entrevista, o Nuno comenta que quando era criança não queria ser escritor. Talvez por influência da sua mãe, queria ser professor, e aliás chegou a exercer essa profissão durante pouco mais de um ano. Era professor de quê, podemos saber?
Sim, claro! Era professor de Matemática, sou licenciado nessa área.

Isso é curioso. Faz sentido, porque os seus livros, de certa maneira, são puzzles que vão sendo resolvidos à medida que progredimos na leitura.
[Risos] É a primeira vez que alguém me diz isso! Geralmente acham muito estranho, porque as pessoas têm aquela noção de que a matemática e as línguas são dois opostos, mas creio que é só uma ideia feita.

E quando é que surgiu o gosto pela escrita?
Creio que terá sido no início da adolescência. Sempre tive uma apetência grande por escrever. Quando estava na escola, por exemplo, escrevia sempre imenso nos testes. Alguns professores até temiam os meus testes por causa disso! [risos]
Depois houve um momento, por volta por volta dos meus dezasseis anos, em que comecei a ler mais e, além disso, comecei também a sentir curiosidade em saber como é que seria estar do lado de lá do livro: poder ser eu a criar a história, decidir o rumo dos acontecimentos e o final, definir como é que as personagens se iriam relacionar entre si… Começou a surgir este bichinho…

Acaba de publicar o thriller A Noiva Judia, que é o desfecho da série Afonso Catalão que apaixonou por completo os leitores portugueses. Porque é que ao sexto livro decidiu pôr um fim a esta saga tão bem sucedida?
Foi uma decisão que foi tomada há algum tempo, durante a redação de O Cardeal, o quinto título da série. Durante esse livro fiquei com a sensação de que os arcos narrativos começavam a prolongar-se demasiado e achei por bem encontrar uma forma de os concluir.
A Noiva Judia não é o fim da saga, no sentido literal da palavra, mas mais um desfecho, ou o início de uma pausa prolongada. Gostaria de escrever outros livros, algo que só será possível se abrandar o ritmo de publicação da série. Por outro lado, este universo e as personagens que o compõem são tão ricos, que não coloco de parte um eventual regresso.

No início de A Noiva Judia somos confrontados com o cadáver de um escritor famoso. Sendo escritor, porque escolheu que uma das vítimas deste thriller fosse, também ele, justamente um escritor?
Esta personagem já aparece desde A Morte do Papa, na altura com pouco destaque, tendo assumido um grande protagonismo em O Cardeal.
A escolha não foi inocente. Sendo eu escritor, considerei que seria um grande lugar-comum tonar a personagem num herói. Por isso, a caracterização foi sempre feita ao contrário. Este homem, conhecido pela sua arrogância, é, desde o início, um dos vilões da história, e tendo em conta o enredo que os leitores irão encontrar no livro, a sua morte fará todo o sentido.
Adicionalmente, o facto de a vítima ser escritor permitiu um paralelismo com o crime real que inspirou o livro, a morte do cineasta e autor Pier Paolo Pasolini, também ele um homem das artes.

O escritor em causa, Adam Immanuel, estava em Veneza para assistir à antestreia da adaptação cinematográfica de um dos seus livros. Gostaria que a série Afonso Catalão fosse adaptada para cinema ou televisão? Quem imagina no papel de protagonista?
Sim, é uma ambição antiga. Fui sempre um escritor muito visual, com metáforas fortes e capaz de projetar imagens no leitor. Se alguma vez acontecer, a adaptação para cinema ou televisão será um passo natural.
Há imensos atores que poderiam representar o papel de Afonso Catalão, desde que se adequassem às características físicas deste homem tão singular. Julgo que o ator inglês Hugh Dancy, ou o português António Pedro Cerdeira, poderiam desempenhar o papel com facilidade.

Os livros da série Afonso Catalão são thrillers psicológicos ou religiosos, que têm como pano de fundo temas atuais e muitas vezes até polémicos, como o antissemitismo, o Islão, o terrorismo, o conflito entre Israel e a Palestina… Porquê essa escolha?
Não foi algo planeado desde o início, acabou por surgir, livro após livro. Quando planeei o primeiro livro da série Afonso Catalão, A Célula Adormecida, juntamente com a minha editora da altura, era suposto o livro ser um thriller psicológico sobre tensões sociais. Mas estávamos em 2015 e havia um grande movimento migratório em curso, sobretudo de refugiados vindos da Síria, e éramos bombardeados todos os dias com notícias sobre esses movimentos de refugiados, mas também sobre atentados terroristas, como o que houve na Bélgica nessa época. Comecei a modificar lentamente A Célula Adormecida, achei que faria sentido trabalhar o terrorismo de inspiração religiosa, e acabei por chegar ao enredo do livro, que está relacionado com a comunidade muçulmana de Lisboa.
Tive a oportunidade de conhecer o Sheik David Munir e de fazer um trabalho diferente dos meus livros anteriores. Consegui ir à comunidade muçulmana de Lisboa, falei com as pessoas, assisti àquilo que no Islão se chama de «congregação», que corresponde dentro da religião católica à eucaristia, e isso mudou um pouco a minha perceção das coisas. Esse acabou por ser um livro muito evolutivo, que foi mudando à medida que fui progredindo na pesquisa que fiz.
Depois achei que deveria tentar replicar isso noutros livros, não no sentido de copiar o modelo, mas de continuar a trabalhar com esses temas. Para isso contribuiu também o facto do protagonista, Afonso Catalão, ser formado em política do Médio Oriente, com mestrado em relações internacionais. É muito fácil encontrar uma história que tenha que ver com conflitos no Médio Oriente ou com questões fraturantes da sociedade atual, porque a maior parte dos conflitos que estão em curso têm uma origem religiosa. Nomeadamente entre Sunitas e Xiitas ou entre Árabes e Judeus.

No final dos livros, o Nuno faz sempre uma distinção muito precisa entre o que é verídico e o que é ficção. Por um lado, isso demonstra uma grande preocupação com a verdade e um compromisso para com os seus leitores; por outro, implica também um grande trabalho de pesquisa da sua parte, que parece ter prazer em fazer. É de facto assim?
Sim, é. Porque quando faço pesquisa para os livros, estou simultaneamente a fazer o meu trabalho e a enriquecer-me enquanto pessoa. Estou a aprender.
Antes de escrever A Célula Adormecida era um leigo sobre o Islão. Agora não sou um especialista, mas já não sou tão ignorante. [risos] E o judaísmo, então, era um assunto do qual não sabia rigorosamente nada. Da primeira vez que estive uma sinagoga não percebia nada do que estava a ver, precisei de um guia, mas, agora, graças a essa aprendizagem, já é muito diferente.
Esse trabalho de pesquisa permite-me fazer algo de que gosto, que é escrever, e aprender, também.

E depois também tem gosto em transmitir isso aos seus leitores.
Sim, creio que valoriza os livros.
Não escondo que sou um escritor comercial, os meus livros são thrillers pensados dessa forma. Depois, se têm ou não sucesso, isso já é outra história, mas penso que se conseguir introduzir alguma informação nos meus livros e se o fizer de um modo que não seja muito massudo, estarei a contribuir para enriquecer os leitores.
No caso de Pecados Santos, estou a lembrar-me de algumas passagens em que esse tipo de informação aparece de forma menos óbvia, através da descrição da roupa das personagens, por exemplo, como as fitas que os Judeus enrolam à volta dos braços para rezar. Isso é um dado que veio da pesquisa, mas que é introduzido como caraterização da personagem.
Quanto mais rico conseguir tornar o livro, melhor.

Nesse texto final que surge sempre nos seus livros, nos agradecimentos, o Nuno já referiu diversas vezes que colabora com um operacional do SIS. Como é que surgiu essa oportunidade?
Surgiu através de uma amizade, de uma pessoa amiga que conhece esse operacional e que se ofereceu para fazer a ponte, porque sabia que seria muito útil para os meus livros.
Mas, ainda antes disso, eu já tinha estado presente numa conferência dada por um profissional do SIS sobre Segurança Nacional e, no final, fui ter com esse senhor, apresentei-me e disse que gostaria de lhe fazer umas perguntas para os meus livros. Na altura estava a fazer pesquisa para A Célula Adormecida, mas a pessoa em causa disse-me que não podia falar comigo. Partilhei essa história com alguns amigos e houve um que se lembrou que conhecia um agente do SIS e que se ele fizesse a ponte, de uma forma menos institucional, mais informal, talvez houvesse uma maior recetividade. E funcionou!
Esse operacional tem-me ajudado em todos os livros, embora de formas diferentes. Por vezes com alguns pormenores de espionagem, nomeadamente as chamadas, aqueles sinais que aparecem nas portas, a dead letter box, são tudo coisas que aprendi com ele e incorporei no enredo. Depois, como tenho vindo a retirar um pouco esse lado de espionagem dos meus livros mais recentes, começámos a fazer juntos um trabalho um pouco diferente, em que tento perceber o que é verosímil em termos de segurança nacional, por exemplo.

Como é que constrói os seus livros? Planeia tudo de forma detalhada? Antes de começar a escrever já sabe quem é o assassino?
Sim, planeio, mas não sou o tipo de escritor que segue um plano à risca como se fosse uma planta de arquitetura. Já tentei fazê-lo e até à data nunca consegui. [risos}
Muitas vezes, os livros da série Afonso Catalão começaram com ideias vagas. Mas tenho depois de saber mais ou menos como é que vou acabar, ou seja, qual vai ser o destino da maior parte das personagens, e crio aquilo a que chamo de pontos de passagem ou momentos catalisadores da ação. São coisas que mudam tudo de repente e não estou a falar de um twist. Pode ser algo que aconteça a uma personagem e que acaba por se refletir de forma decisiva no enredo, por exemplo. É o caso do que sucede à criança em A Célula Adormecida, que é violada e, no decurso desse ato, a relação ou a dinâmica entre as personagens altera-se. Normalmente esse tipo de coisas são planeadas com antecedência.
Mas tenho aprendido que se deixar alguns passos vagos durante a preparação do livro, depois acabo por ser mais criativo.

E o que podemos esperar depois do fim da série Afonso Catalão? Já está a escrever o próximo livro?
Depois de A Noiva Judia, apresentarei as reedições de A Espia do Oriente e A Hora Solene, que integram a trilogia Freelancer, recuperada em 2021 com a edição de colecionador de O Espião Português.
Depois, seguir-se-á uma pausa de alguns meses e, posteriormente, começarei a trabalhar num novo livro, sem data de publicação prevista.

O Espião Português, que acaba de referir, reeditado no ano passado, foi o primeiro livro que publicou. Creio que o Nuno trabalhou um pouco nessa reedição, tendo mesmo reescrito algumas partes. Como é que foi essa experiência de se confrontar com o seu primeiro livro?
Sim, trabalhei muito no livro. O Espião Português foi reescrito do princípio ao fim para esta reedição, do primeiro caractere até ao último ponto final.
No início foi um processo um pouco estranho, porque tenho vindo a trabalhar na série Afonso Catalão em exclusivo desde 2015, portanto já estava um pouco distante do universo da trilogia Freelancer. Creio que entretanto o meu estilo mudou um pouco e senti alguma resistência inicial, mas a partir do meio do livro já estava bastante por dentro desse universo outra vez.
É ao mesmo tempo estranho e um prazer muito grande. É estranho, porque é algo do passado, representa o escritor que eu era em 2003, e nessa época era necessariamente diferente do que sou hoje. Por outro lado, é uma oportunidade para melhorar que nem todos os escritores têm. Costumo dizer que quando termino um original o livro está pronto para ser reescrito e desta vez deram-me essa hipótese, por isso sou um felizardo… [risos]

Planeia reescrever também os outros dois livros da trilogia Freelancer e dar-lhe continuidade?
Sim e não. Vou reescrever A Espia do Oriente e A Hora Solene, até porque O Espião Português, apesar de não ter sofrido nenhuma alteração no enredo, passou por alterações narrativas, e é preciso fazer o encaixe dessas modificações com os volumes que se seguem. Mas, por outro lado, a trilogia Freelancer continuará a terminar com A Hora Solene, não vou escrever livros novos, do zero.
Talvez A Hora Solene possa sair com um final alternativo, à semelhança daquilo que fiz há dois anos com a reedição de A Célula Adormecida. Na altura criei um final de ligação para Pecados Santos, que não existia na edição original.
Mas agora a tentação é grande, sobretudo porque existiu sempre na minha cabeça um final diferente para A Hora Solene. Enquanto escrevia o livro, esses dois finais estavam em constante disputa e na altura optei pelo final mais convencional. Mas como estamos a lançar estas edições de colecionador, talvez possa tornar a edição mais especial incluindo um final alternativo para a história.

O Nuno faz uma coisa muito curiosa, que penso que é inédita em Portugal, a nível de promoção dos seus livros. A capa da edição de colecionador de O Espião Português é uma fotografia do Nuno a incarnar o protagonista, tal como na badana de A Morte do Papa e de O Cardeal, certo?
Sim, na capa de O Espião Português sou eu de costas e nas badanas dos outros dois livros também sou eu. Apesar de ser bastante recatado tenho aprendido a ser modelo, nessas sessões fotográficas! [risos]
A ideia surgiu em 2017, na altura em que fui convidado pela Cultura Editora e pela Agência das Letras para integrar o projeto deles. Precisava de fotografias novas, atualizadas, e fizemos uma sessão fotográfica, mas ainda com as tradicionais fotografias de autor, em bibliotecas e estúdios. Depois a ideia evoluiu, como tudo tem evoluído, nos livros. Ainda nessa mesma sessão, fizemos uma fotografia em que eu tinha uma mão maquilhada, a imitar sangue, que acabou por ser usada no cartaz promocional do livro. Gostei da experiência, apesar de não me ter sentido particularmente à vontade, foi difícil. E depois, ao longo dos anos, fomos fazendo mais sessões, com outros fotógrafos.
A primeira vez em que realmente apareço de uma forma mais óbvia é em A Morte do Papa. Na badana do livro estou de costas, junto a um domo que parece a catedral de São Pedro, mas na verdade é a Basílica de São Paulo, em Londres. A ideia de me vestir de cardeal foi minha. Disse à editora que queria fazê-lo e entraram em pânico. [risos] Responderam-me: «Não, as pessoas vão criticar-te e ficar ofendidas. Não pode ser, nem penses!» Sugeri então que fizéssemos na mesma as fotos, mas sem as mostrarmos a ninguém, e que logo veríamos como ficavam. E a Marisa, que foi a fotógrafa responsável por essas fotografias, fez um excelente trabalho em termos de luz e contraste, e algumas fotografias ficaram muito bonitas. Depois a própria editora quis utilizá-las para o cartaz e para outros materiais promocionais.
No decurso ainda dessa sessão com a Marisa Martins, ela fez uma fotografia minha, em que íamos os dois a caminhar numa rua de Lisboa, e ela, de repente, num estilo muito mandão, diz-me: «Nuno, vire-se para a frente, ponha-se aí e baixe a cabeça.» E assim nasceu essa fotografia, que sempre achámos digna de um livro de espionagem, e acabou por ser a capa de O Espião Português.

Nesse livro o protagonista, André Marques-Smith, tem uma vida dupla: trabalha no Ministério dos Negócios Estrangeiros e é também agente secreto. O Nuno também tem uma vida dupla, no sentido em que acumula outra profissão com a de escritor?
Sim, em Portugal é muito difícil viver só da escrita. Serão apenas três ou quatro casos, dos escritores que temos a trabalhar atualmente, e mesmo assim não vivem só dos livros que publicam, têm também outras atividades ligadas à escrita em geral.
O que faço é canalizar as férias e o pouco tempo livre que tenho durante a semana para escrever ou pesquisar. Tento dividir as águas porque, com a experiência que tenho adquirido, comecei a perceber que é melhor separar a pesquisa da escrita, estar já completamente preparado quando me sento a escrever. A partir daí concentro-me só na redação.
E geralmente aproveito as férias para viajar para os locais onde decorre o enredo, para visitar cenários, museus, sinagogas, mesquistas, etc.

Os escritores começam sempre por ser grandes leitores. Quem são as suas referências?
A minha maior referência é o Ken Follett. Não é o escritor de quem li mais livros, esse será provavelmente o Daniel Silva. Gosto muito deste autor, mas creio que os seus livros se repetem um pouco, em termos narrativos. O Ken Follet é um narrador fantástico! Os seus livros são verdadeiras lições para quem queira tornar-se escritor, são extremamente bem estruturados, e é também um escritor muito completo, que escreve em diversos registos.
Depois há outros escritores de que gosto e que acabam por me influenciar. Tenho lido cada vez mais autores que se afastam do registo policial puro para entrar no campo do thriller psicológico, mais negro, e creio que isso se reflete nas minhas obras. Gillian Flynn, Craig Russell e Nicci French (a dupla que escreveu Killing Me Softly), por exemplo, são autores com um lado mais obscuro, de que gosto muito.

Qual foi o último livro que leu e que adorou?
Um dos últimos que li foi A Paciente Silenciosa, de Alex Michaelides. Não fiquei fã daquele twist final, porque me senti um bocadinho enganado… [risos] Não posso revelar mais por causa dos spoilers, mas gostei muito do livro e li-o em duas semanas, o que para mim é muito rápido, normalmente levo um mês ou dois, mas estava tão preso à história que aproveitava todos os bocadinhos para ler mais um pouco.

Se pudesse jantar com uma personagem de um livro, quem é que escolhia?
Isso agora… [risos) Talvez o Gabriel Allon, do Daniel Silva.

Para terminarmos, há alguma pergunta que gostaria que lhe fizessem e nunca fizeram?
Creio que não… estava a pensar qual seria a minha personagem favorita dos meus livros, mas de certa forma já me fizeram essa pergunta.

E qual é?
Há uma personagem da qual me orgulho particularmente, de A Morte do Papa, que é o Cardeal Tremblay. É uma personagem que cresceu sem eu estar à espera e que é muito dual, dúbia, que deixa muito nas entrelinhas. Creio que no último capítulo em que o Cardeal Tremblay aparece no livro descobrimos nele um homem diferente. Tem um sofrimento recalcado e uma compreensão das falhas dos outros…. E, de certa forma, admira aqueles que têm a coragem de assumir essas falhas, a coragem que lhe faltou a ele.

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